quarta-feira, 26 de maio de 2010
A ILHA DOS SENTIMENTOS
Era uma vez, numa ilha distante...
Lá viviam todos os sentimentos e valores que haviam sido atribuídos ao Homem:
- O Bom Humor, a Tristeza, a Sabedoria... enfim, todos, inclusive o Amor.
Um dia o senhor da ilha apareceu de surpresa, e, na sua voz trovejante, anunciou:
- Os homens não têm sabido fazer uso correcto de todos os atributos que lhes concedi. Estou farto desta ilha e de tudo o que nela existe! Vou fazê-la desaparecer. Preparem-se! Amanhã tudo isto irá pelos ares!
Todos começaram a preparar os seus barcos para partir quanto antes, e em breve estavam a afastar-se, ficando ao largo da ilha. No fundo tinham pena de a abandonar...
Somente o Amor, tendo a seu lado a Esperança, ficou aguardando até ao último momento, esperançado em que o senhor da ilha mudasse de ideias. Mas também a Esperança desesperou da espera e abandou o Amor.
Quando se apercebeu de que a ilha iria mesmo ser afundada o Amor decidiu pedir ajuda. Avistou, a pouca distância, num barco luxuosíssimo, a Riqueza. Dirigiu-se-lhe;
- Riqueza. Podes levar-me contigo?
- Não posso porque tenho muito ouro e prata dentro do barco e não há lugar para ti.
Resignado, o Amor olhou em volta e avistou o Orgulho. Fez-lhe o mesmo pedido:
- Orgulho, imploro-te, leva-me contigo...
- Não posso levar-te, Amor – respondeu o Orgulho. Aqui tudo é perfeito, e tu poderias arruinar o meu barco.
Então, já quase em desespero, o Amor viu a Tristeza aproximar-xe e resolveu pedir-lhe auxílio:
- Tristeza, peço-te, deixa-me ir contigo.
- Oh! Amor – respondeu ela – estou tão triste que não suporto qualquer coompanhia. Preciso muito de estar sozinha.
A seguir foi a vez de passar o Bom Humor; mas estava tão contente que o Amor nem se atreveu a dirigir-se-lhe, pois calculava, de antemão, que iria receber uma recusa. De resto, o mais certo seria nem o ouvir, tal o ruído que fazia...
De repente, o Amor ouviu uma voz que o chamava:
- Vem, Amor, eu levo-te comigo.
Era um velho quem o estava chamando.
O Amor ficou tão contente que imediatamente respondeu ao chamamneto. E, no meio de tanta alegria, esqueceu-se de perguntar o nome do velho.
Quando chegaram, e depois de depositar o Amor em terra firme, o velho foi-se embora.
Reparando, então, no seu esquecimento, e apercebendo-se de quanto lhe devia, o Amor avistou muito perto de si o Saber. E perguntou-lhe:
- Saber, podes dizer-me quam me ajudou? No meio de toda a minha alegria esqueci-me de lhe perguntar o nome...
- Foi o Tempo – respondeu o Saber.
-O Tempo? – interrogou-se o Amor. Porque será que o Tempo me ajudou?
Cheio de sabedoria, o Saber respondeu:
- Porque só o tempo é capaz de compreender o quanto o Amor é importante na vida, e por isso nunca pode ser abandonado.
Composto por Mariazita, inspirado num conto muito antigo.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
A FLOR DA HONESTIDADE
Conta-se que, por volta do ano 250, na China, um príncipe da região norte do País
estava às vésperas de ser coroado Imperador. Mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.
Sabendo disso, resolveu fazer um “jogo” entre as jovens da corte ou quem quer que se achasse digno da sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia todas as pretendentes numa celebração especial e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que a sua filha nutria um sentimento de profundo amor pelo jovem príncipe.
Ao chegar a casa, relatando o facto à filha, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração; e indagou, incrédula:
- Minha filha,o que farás tu lá ? Tira essa idéia insensata da cabeça. Sei que deves estar sofrendo, mas não tornes o sofrimento numa loucura.
A jovem respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo, e muito menos louca. Sei que jamais poderei ser a escolhida, mas será a minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do meu amado. Só isso já me torna feliz.
À noite a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais lindas roupas, as mais deslumbrantes jóias e as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida para minha esposa e futura Imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a faculdade de “cultivar” algo.
O tempo passou, e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava da sua semente com muita paciência e ternura, pois sabia que, se a beleza da flor surgisse na proporção do seu amor, ela não precisaria preocupar-se com o resultado.
Passaram-se três meses e nada brotou.
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas em vão. Por fim, os seis meses se passaram sem que nenhuma planta tivesse surgido.
Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à mãe que, independentemente das circunstâncias, voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada ela estava lá, com o seu vaso vazio, no meio de todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. A jovem estava admirada: nunca havia presenciado cena tão bela.
Finalmente, chegou o momento esperado, e o príncipe observou cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.
Após passar por todas, uma a uma, ele anunciou o resultado e indicou a filha da velha senhora como sua futura esposa.
Sabendo disso, resolveu fazer um “jogo” entre as jovens da corte ou quem quer que se achasse digno da sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia todas as pretendentes numa celebração especial e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que a sua filha nutria um sentimento de profundo amor pelo jovem príncipe.
Ao chegar a casa, relatando o facto à filha, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração; e indagou, incrédula:
- Minha filha,o que farás tu lá ? Tira essa idéia insensata da cabeça. Sei que deves estar sofrendo, mas não tornes o sofrimento numa loucura.
A jovem respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo, e muito menos louca. Sei que jamais poderei ser a escolhida, mas será a minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do meu amado. Só isso já me torna feliz.
À noite a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais lindas roupas, as mais deslumbrantes jóias e as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida para minha esposa e futura Imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a faculdade de “cultivar” algo.
O tempo passou, e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava da sua semente com muita paciência e ternura, pois sabia que, se a beleza da flor surgisse na proporção do seu amor, ela não precisaria preocupar-se com o resultado.
Passaram-se três meses e nada brotou.
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas em vão. Por fim, os seis meses se passaram sem que nenhuma planta tivesse surgido.
Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à mãe que, independentemente das circunstâncias, voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada ela estava lá, com o seu vaso vazio, no meio de todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. A jovem estava admirada: nunca havia presenciado cena tão bela.
Finalmente, chegou o momento esperado, e o príncipe observou cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.
Após passar por todas, uma a uma, ele anunciou o resultado e indicou a filha da velha senhora como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reacções. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.
Então calmamente, o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma Imperatriz: a flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
Então calmamente, o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma Imperatriz: a flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
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