A PRÓXIMA POSTAGEM SERÁ NO DIA 16 DE DEZEMBRO
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

CÉU E INFERNO ÍNTIMOS

CÉU E INFERNO ÍNTIMOS

Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta,


foi procurar um sábio monge em busca de respostas para as suas dúvidas.


- Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.
O monge, de pequena estatura e muito franzino,olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, disse-lhe:
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. O seu mau cheiro é insuportável.
Além disso, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.
O samurai ficou enfurecido.O sangue subiu-lhe ao rosto e não conseguiu dizer uma palavra, tamanha era a sua raiva.
Empunhou a espada,ergueu-a sobre a cabeça...e preparou-se para decapitar o monge.
- “Aí começa o inferno” - disse-lhe o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem impressionara-o. Afinal, arriscara a própria vida para o ensinar sobre o inferno.
O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento.
O velho sábio continuou em silêncio.
Passado algum tempo o samurai, já intimamente pacificado, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.
Percebendo que seu pedido era sincero, o monge falou-lhe:
- "Aí começa o céu".

Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir no nosso próprio íntimo.

Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia.
A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.

É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros.
Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior.

Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia,podemos usar o machado da revide ou a gaze da autoconfiança.

Quando a injúria bater à nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.
Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da fé.

Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da aceitação.
Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações,poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.

A decisão depende sempre de nós mesmos.

Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos, portas adentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós.

Pense nisso!
A sua vontade é soberana.

A sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave.

Preservá-la das investidas das sombras e abrI-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.

Pense nisso!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

LENDA DA SERRA DA ESTRELA

Lenda da Serra da Estrela

"Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho, que, nas longas noites de solidão, se deitava a seus pés sem esperar nenhum gesto, nenhuma palavra.
Sofria este pastor de uma estranha inquietação: cismava alcançar uma Serra enorme que via muito ao longe, as terras que existiam para lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
Certa noite em que se julgava acordado, sonhou que uma estrela descia até a si e lhe segredava que o guiaria até ao objecto dos seus desejos.
Acordou o pastor mais inquieto e angustiado que nunca, e procurou no céu a verdade do que sonhara.
Lá estavam todas as estrelas iguais a si mesmas, imutáveis e eternas, aparentemente. Mas estava também uma que lhe pareceu diferente, a mais sua.
Passavam-se os dias e o desejo do pastor aumentava, fazia doer-lhe o corpo, ardia-lhe febril na cabeça. De noite, todas as noites, procurava no céu a sua estrela diferente. E em sonhos ela aparecia-lhe muitas vezes desafiando-o, desafiando-lhe sempre a vontade. Mas a vontade por vezes é tão difícil!
Uma noite, num ímpeto, decidiu-se. Arrumou tudo o que tinha, e era nada, chamou o cão e partiu. Ao passar pela aldeia o cão ladrou e os velhos souberam que ele ia partir. Abanaram a cabeça ante a loucura do que assim partia à procura da fome, do frio, da morte. Mas o pastor levava consigo toda a riqueza que tinha: a fé, a vida e uma estrela.
E o pastor caminhou tantos anos que o cão envelheceu e não aguentou a caminhada.
Morreu uma noite, nos caminhos, e foi enterrado à beira da estrada que fora de ambos.
Só com a sua estrela, agora, o pastor continuou a caminhar, sempre com a serra adiante. E, à medida que caminhava, a serra ia sempre ali, no mesmo sítio e à mesma distância. Passou todas as fomes e frios que os velhos lhe tinham vaticinado.
Atravessou rios, galgou campos verdes e campos ressequidos, caminhou sobre rochedos escarpados, passou dentro de cidades cheias de muros e gente, mas a montanha dos seus desejos nunca a baniu do coração.
Por fim, já velho, alcançou a muralha escarpada que desde a infância o chamava. Subiu até ao mais alto da serra e ali pôde então largar o desejo do seu coração, agora em paz e sem desejo.
O horizonte era vasto, tão vasto e maravilhoso, a impressão de liberdade tão avassaladora que o pastor, sem falar, gritava dentro de si um hino de louvor que mais parecia o vento uivando por entre os penhascos rochosos de silêncio.
Instalou-se o velho pastor e a sua estrela com ele, no céu.

O rei do mundo, porém, ouviu falar naquele velho pastor e na sua estrela fantástica. Mandou emissários à serra: todas as riquezas do mundo daria ao pastor em troca da sua pequena estrela.
O pastor ouviu com atenção o que lhe mandava dizer o rei. Depois, olhou em volta. Tudo eram pedras e rochedos. Uma côdea de pão negro e uma gamela de leite as suas refeições. A sua distracção a paisagem "infinitamente" igual e diferente do mundo lá em cima. A sua única amiga, a estrela.
Suavemente, como quem sabe o segredo das palavras e o valor de todos os bens possíveis, virou-se para os emissários do rei do mundo e rejeitou todos os tesouros da terra, escolhendo a pequenez da sua estrela.
Passaram os anos e o velho morreu. Enterraram-no debaixo de uma fraga e nessa noite, estranhamente, a estrela brilhou com uma luz mais intensa. Os pastores da serra notaram essa diferença porque a reconheciam também entre as outras, pelo que o velho lhes contava em certas noites.
E desde então a serra passou a chamar-se, para sempre Serra da Estrela".

NEM TODOS OS TESOUROS DO MUNDO PAGAM A REALIZAÇÃO DE UM SONHO.

Serra da Estrela no Inverno

Serra da Estrela no Verão

Serra da Estrela – Lagoa Comprida

domingo, 12 de abril de 2009

O MISTÉRIO DA ROSA LILÁS

O MISTÉRIO DA ROSA LILÁS

A Sexta-feira da Paixão é uma data cósmica. Nos éteres planetários existe uma gigantesca cruz de luz branca, de cujo centro brota e aos poucos desabrocha um imenso botão de rosa lilás, a cada Sexta-feira Santa
Ao meio-dia, essa rosa alcança o ápice do desabrochar e, de seu interior, emana o néctar da Misericórdia e Compaixão. Seu doce perfume envolve todo planeta e cada criatura. Essa doce radiação, que vem das profundezas do Coração do Cristo Crucificado, tudo abençoa, redime e transforma.
Da mesma forma que há dois mil anos o Cristo foi traído, criticado, hostilizado, julgado e condenado, continuamos a cometer atrocidades semelhantes contra o nosso Cristo Interior e contra o Cristo em nossos semelhantes.
A crucificação do Cristo Interior acontece sempre que confiamos no mundo exterior, ou seja, no dinheiro, remédios, oráculos e toda a sorte de absurdos. Acontece quando nos esquecemos do poder total e único do nosso Cristo Interior.
Ao deixarmos de confiar na vida - a centelha Crística que nos habita - acreditamos que: “eu não sou, eu não tenho, eu não posso, eu estou doente etc.”, assim retirando o poder da Divindade que somos, que é saúde plena e a fonte de toda a sabedoria, riqueza e abundância, que é Senhor do nosso mundo, nosso mestre interior, o nosso guia.
Cada pensamento de separabilidade, de desamor, cada palavra de crítica ou julgamento é um espinho que fincamos na cabeça do Cristo em nossos semelhantes. Cada pensamento ou palavra de desconfiança ou condenação que emitimos contra alguém é mais um prego crucificando o Cristo naquela pessoa.
Quando o homem põe fogo na terra, queimando e devastando árvores e seres vivos indefesos, a pródiga Mãe Natureza envolve todos esses erros com seu manto de misericórdia e, generosamente, manda a chuva que apaga o fogo. E faz brotar, da devastação, flores belas e perfumadas.
Semelhantemente, dos éteres planetários onde permanece a cruz, do centro do coração crucificado, Deus-Mãe faz brotar essa rosa lilás que desabrocha em misericórdia e regeneração para toda a humanidade.
Conectando-se com este Centro de Transmutação, cada um de nós pode voltar-se para o Cristo Interior e, com a acção balsamizante do perfume da rosa lilás, retirar os espinhos e pregos, e regenerar o Cristo em nós e em cada pessoa, devolvendo-lhe todo o amor, poder, confiança e devoção.
Então, no Domingo de Páscoa, todos podemos desfrutar da Chama da Ascensão, entrando na plena consciência de “Eu Sou a Ressurreição e a Vida”.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

FLOR DE LOTUS

FLOR DE LOTUS



Eis uma lenda budista que explica o aparecimento da Flor de Lótus.

Certo dia, à margem de um tranquilo lago solitário, onde se erguiam frondosas árvores com perfumadas flores de várias cores,
e coalhadas de ninhos onde aves canoras chilreavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o fogo, o ar, a água e a terra.

- Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva
- disse o fogo, cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.

- É verdade - disse o ar. É um destino bem curioso, o nosso.
À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.

- Não te queixes - disse a água -, pois estamos obedecendo à Lei,
e é um Divino Prazer servir a Criação.
Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão fogo entra e sai por toda parte servindo a vida e a morte. Eu faço o mesmo.

- Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar - disse a terra - pois estou sempre imóvel, e mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar, no mesmo espaço.

- Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos - tornou a dizer o fogo - com discussões supérfluas. É melhor festejarmos estes momentos em
que nos encontramos fora da forma.
Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união.

Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo.
Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído.

Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho.

Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem. Ah! Como ele era ingrato!

Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais,
e o homem abusava deles, perdendo-os.

Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico. Porém a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos.

Aproximando-se o momento de se separarem, pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse, através das idades, a felicidade de seu encontro.

Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles, harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem.

Houve muitos projectos que foram abandonados por serem incompletos e insuficientes.
Por fim, reflectindo-se no lago, os quatros disseram:
- E se construíssemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela?

A ideia pareceu digna de experiência.
- Eu porei as melhores forças das minhas entranhas – disse a terra; e alimentarei as suas raízes.


- Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a água - e farei crescer sua haste.
- Eu porei minhas melhores brisas - disse o ar - e tonificarei a planta.
- Eu porei todo o meu calor - disse o fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores.

Dito e feito. Os quatro irmãos começaram a sua obra.
Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores.
O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha.


(LENDA BUDISTA)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

UMA PESCARIA INESQUECÍVEL

Para inaugurar o meu “Histórias de Encantar” não escolhi o mês de Abril por qualquer motivo especial.

Podemos, se sentirmos necessidade de arranjar uma justificação, dizer que…Abril é o mês quatro… ; “Histórias” é o quarto blogue em que tenho voz activa – A Casa da Mariquinhas, Sempre Jovens, Olhai os Lírios do Macuá, e, em quarto lugar, Histórias de Encantar.

A história escolhida também não tem nada a ver com o dia – 1º.de Abril, dito “dia das mentiras”.

Embora se trate de uma história de pescaria, as quais, tradicionalmente envolvem mentiras ou, no mínimo, um certo exagero, esta não é mentirosa nem exagerada.

É, sim, uma história muito bonita, que espero vos agrade.


Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.



A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.

O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água.

Logo, elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago.

Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha.

O pai olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia o peixe, exausto, da água.

Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada.

O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras movendo para trás e para frente.

O pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio.

Pouco mais de dez da noite...



Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada.

Em seguida, olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo:

- Você tem que devolvê-lo, filho!
- Mas, papai, reclamou o menino.
- Vai aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão grande quanto este, choramingou a criança.



O garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista.
Voltou novamente o olhar para o pai.

Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável.

Devagar, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura.

O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu.

Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão grande quanto aquele.

Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido.

O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no mesmo cais.

Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite.

Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com uma questão ética.



Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de
CERTO e ERRADO.

Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa.

A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando.

Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o PEIXE À ÁGUA.


James P. Lenfestey

A boa educação é como uma moeda de ouro:
TEM VALOR EM TODA PARTE.